O estado da conciência com ayahuasca


Há um interesse crescente entre os cientistas e o público leigo em usar a bebida psicodélica sul-americana, a ayahuasca, para tratar distúrbios psiquiátricos como depressão e ansiedade.

Tal prática é controversa devido a um estilo de raciocínio dentro da psiquiatria convencional que vê os estados modificados de consciência induzidos por psicodélicos como patológicos. Este artigo analisa a literatura acadêmica sobre os efeitos psicológicos da ayahuasca para determinar como esse estilo de raciocínio está moldando o discurso científico formal sobre o potencial terapêutico da ayahuasca como tratamento para depressão e ansiedade.

Os achados dessas publicações sugerem que diferentes tipos de experimentos são afetados diferencialmente por esse estilo de raciocínio, mas podem, no entanto, indicar alguma utilidade terapêutica potencial do estado de consciência modificado induzido pela ayahuasca. O artigo conclui sugerindo maneiras pelas quais o estilo dominante de raciocínio da psiquiatria convencional sobre estados de consciência modificados psicodélicos pode ser reconsiderado.

Sessenta anos atrás, a conceituada revista acadêmica Science publicou uma “Declaração sobre o Peiote”, na qual um punhado de pesquisadores importantes, consternados com a política de drogas mal informada e demonizadora da época, defendia o direito da Igreja Nativa Americana de consumir uma planta psicodélica em seus ritos religiosos.

Hoje, nos sentimos compelidos a falar em nome de uma tradição religiosa análoga e não indígena – as religiões brasileiras da ayahuasca, incluindo o Santo Daime, a União do Vegetal e outros grupos relacionados.

Estudamos vários usos rituais da ayahuasca, participamos de cerimônias e consumimos a bebida sacramental.

À luz dos fatos – esse uso ritualizado de plantas psicodélicas se expandiu para fora da Amazônia nas últimas décadas; que os dados disponíveis sugerem consistentemente que essas práticas são razoavelmente seguras; e que, no entanto, as considerações de segurança médica e pública devem ser equilibradas com considerações sócio-históricas e de direitos humanos, como o direito universal à liberdade de religião – instamos as autoridades reguladoras dos países onde as religiões ayahuasqueiras brasileiras estão chegando a demonstrar tolerância e conceder a esses grupos o grau necessário de liberdade legal e engajamento respeitoso para que continuem evoluindo para contribuintes seguros e responsáveis ​​para a sociedade multicultural e globalizada de hoje.

As funções sociais e psicoterapêuticas dos rituais de cura com ayahuasca entre grupos amazônicos são examinadas, e sua eficácia curativa é explicada em termos de perspectivas científicas e sócio psicoterapêuticas ocidentais.

O artigo inclui uma visão geral da preparação e aplicação da ayahuasca, as adaptações simbólicas ao processo de mudança social, o papel do canto, o modo perceptivo durante o estado visionário e a estrutura das visões. Nota-se que as atividades de cura proporcionam a toda a comunidade o acesso a experiências transcendentais, que claramente possuem funções sociais integradoras e coesas. A etnopsicologia fornece insights importantes sobre as funções dos rituais de cura arcaicos.

pcjovenes

Deixe um comentário

Voltar ao topo